sexta-feira, dezembro 12, 2008
domingo, novembro 30, 2008
Deus: Não pode ser outro dia? Ando muito ocupado ultimamente...
Diabo: Prometo ser breve.
Deus: Promessa é coisa de humano - entre nós não há dívidas.
Diabo: Força do hábito...
Deus: O que é dessa vez?
Diabo: Justamente os humanos - facilitam demais meu trabalho; me sinto pouco importante.
Deus: Nada serve pra você? - vive reclamando...
Diabo: As coisas mudaram muito - o senhor tem visto... Em outros tempos minha presença impunha respeito; eu suava a camisa. Que saudade da Idade Média! Mas agora, salvas as exceções, ninguém luta mais contra o próprio fim. Preciso de mais poder - a rotina, o vício, a guerra não perturbam mais os homens.
Deus: Mais poder? Já te dei todo o mal que há na Terra e vem você me dizer que ainda não é o suficiente... Eu sei o que você quer! Você quer tomar o meu lugar!
Diabo: Jamais, senhor! Meu maior desejo é servir apenas a ti e à tua obra.
Deus: Seja objetivo...
Diabo: Eu quero a Morte, senhor.
Deus: Imaginei...
Diabo: Pois se até a morte é devida a ti que importância terei? Mas se me desses a Morte, os homens, que já temem minha fama, lutariam com todas as forças contra o fim, pois saberiam que lá fatalmente me encontrariam.
Deus: Tua fama, de fato, vai longe... Mas, afinal, quem seria o porta-voz da mudança?
Diabo: Ora, como quem? A Igreja!
Deus: Oh, a Igreja! Sempre me esqueço dela!
quarta-feira, novembro 05, 2008
quarta-feira, outubro 01, 2008
sábado, agosto 16, 2008
domingo, agosto 10, 2008
Mauze: - Não bebi uma gota de cerveja esse fim-de-semana!
Camilo: - Por isso que eu não te vi...
(Pausa)
Mauze: - Acho que me tornei refém dos meus amigos bêbados...
Camilo: - Dos seus amigos bêbados ou da cachaça?
Mauze: - Durante a semana eu nem bebo... não sou alcólatra. E o alcólatra só bebe sozinho...
Camilo: - De fato...
Mauze: - Eu nunca bebo sozinho. E outra: só tomo cerveja. De vez em quando, muito esporadicamente, é que eu saio pra tomar um whisk.
Camilo: - Menos mal...
Camilo: - Complicado. Mas mesmo assim, entre os dois, sem dúvida os amigos. Com certeza a melhor escolha.
Mauze: - Melhor ou a menos pior?
Camilo: - Não sei... dos males o menor.
quarta-feira, julho 30, 2008
segunda-feira, julho 21, 2008
sábado, junho 21, 2008
A única coisa que eu esperava não me ocorrer no trânsito era ser fechado por uma carroça. Não falo ironicamente, como o nosso ex-presidente Collor de Melo quando se referiu à precariedade da frota nacional. No meu caso, tratava-se de uma verdadeira carroça movida a cavalo. Passado o susto, porém, um reflexão se impôs. Houve ali um paradoxo, um anacronismo... Aquela carroça não pertence mais a este mundo. É um peixe fora d'água. Provavelmente o maior símbolo de um estágio evolutivo que acreditamos ter superado na urbanização. Nada mais anti-urbano do que um veículo movido a cavalo. Nada mais medieval do que a carroça.
Sobretudo nessas horas que eu penso no Brasil... Há milhões de brasileiros condenados a viver na Idade Média. Milhões de brasileiros que em carroças correm atrás do progresso.
sábado, maio 31, 2008
No entanto me pergunto como seria se um dia acordássemos em solo desenvolvido... Quinhentos anos no escuro e de repente alguém acende a luz! Decerto queimaríamos a vista...
domingo, maio 11, 2008
sábado, maio 03, 2008
terça-feira, abril 29, 2008
domingo, abril 27, 2008
terça-feira, abril 15, 2008
segunda-feira, abril 14, 2008
sábado, abril 12, 2008
Também fez que crescesse minha desconfiança ter podido sentir de longe o perfume que ela usava. Poucas vezes me lembro de ter sentido um corpo tão perfumado. Tentei ainda imaginar o que poderia merecer e justificar tanto capricho.
terça-feira, abril 08, 2008
domingo, abril 06, 2008
Entre
Não esperava ninguém quando ouvi baterem na porta. Antes ainda de ir ver quem me procurava, me perguntei se dias antes havia marcado esse encontro e me esquecera. Vi que não quando atendi. Eram eles novamente.
Lembro-me que no começo avisavam com antecedência quando viriam, e embora houvesse dias em que me encontrava indisposto, pelo menos estando ciente da visita eu teria tempo de me preparar. Agora, passados os anos, se sentem como se fossem de casa. São daqueles que chegam sem avisar e entram sem bater, ainda mais se sabem que pode ter alguém.
Confesso que durante um certo tempo me incomodou essa aproximação, essa presença íntima. Me sentia flagrado, invadido. Era ainda pior nos dias que se esqueciam da hora. Muitas vezes, já farto daquelas companhias, era obrigado a expulsá-los no meio da noite, o que entretanto nunca impediu que voltassem no dia seguinte. Falo dos meus fantasmas.
Pelo que pretendiam, me pareceu inadequado terem eles se apresentado pela primeira vez com tão desenvergonhada ironia. Imaginei que fosse piada. Ninguém espera receber visitas dos próprios fantasmas. Ninguém, por mais duro que seja, está preparado para os próprios fantasmas. Comigo não foi diferente. Neguei abrir. Nessa hora lembro ter sentido neles um certo prazer, que possivelmente já haviam previsto e imaginado, quando na minha reação ficara claro o meu constrangimento diante daquele episódio. Disse que se voltassem seria para perder tempo porque não me encontrariam. Responderam, antes de partir, que o tempo era o único e inevitável caminho para aquele encontro.
terça-feira, abril 01, 2008
sexta-feira, março 28, 2008
quarta-feira, março 26, 2008
Toda essa pressa e desespero indicam que já nos "curamos" de tantos anos vividos no atraso, e finalmente estamos preparados para suportar tão pesada responsabilidade? Ou teremos nascido para o Terceiro Mundo? Será nossa indiferença tão natural quanto nosso bronzeado, como se fosse algo definitivamente herdado?
segunda-feira, março 24, 2008
terça-feira, março 18, 2008
quinta-feira, março 13, 2008
Quando temos a sensação da fome, comemos. Bebemos quando temos sede e dormimos quando temos sono. Mas, quando invadidos pela sensação do arrependimento, tratamos logo de ignorá-la, como se não tivéssemos que dar ouvidos aos apelos de nossa voz interior; como se fosse virtude transformar tudo aquilo que incomoda e atormenta em nossos fantasmas para depois calá-los. E ignoramos, assim, que o próprio arrependimento é talvez nossa maior virtude; talvez até maior que o perdão. E cada um que não se arrepender, considera o outro apenas em relação a si mesmo, o que seria o fim da vida em sociedade. Ou, na melhor das hipóteses, voltaríamos para as cavernas, de onde na verdade o homem nunca quis sair.
sábado, março 01, 2008
A cena do filme mostra exatamente isso. Depois do massacre, o sangue espalhado que acabara de jorrar, vai, aos poucos, desaparecendo sob o manto de água e sabão que escorre pelas escadas do pavilhão. Não há personagens, nem texto. A imagem diz tudo. É como o lixo varrido pra debaixo do tapete. Lavaram o sangue e tudo fica como se nada tivesse acontecido.
domingo, fevereiro 24, 2008
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
O que nós não conseguimos entender foram as notas quebradas. Por exemplo, um 9.2 que um juíz deu pra bateria de não sei qual escola. Ou então um 9.9 na evolução. Mas por que 9.2 e não nove, ou 9.9 e não dez? Que erro vale 0.1 ponto? Eu queria saber como alguém consegue achar um erro de 0.1 ponto no meio de tanta gente. Não existe erro de 0.1 ponto num desfile de carnaval! É desproporcional! Tem que ser nove, 9.5 ou dez. Um 9.75 até dá pra aceitar. Agora, 9.9 é um absurdo! Uma DESPROPORÇÃO! Parece, na verdade, que querem mostrar um conhecimento tão grande que consegue até encontrar um erro de 0.1 ponto, mesmo que ele não exista. Ou talvez seja uma maneira do carioca provar para si mesmo e para os outros que, quanto maior o conhecimento, melhor o carnaval. Pode ser, não sei. Agora, se isso é conhecer ou na verdade desconhecer o carnaval, eu também já não sei.