sábado, abril 12, 2008

Cúmplice
Embora chamasse mais atenção o que se encontrava debaixo das roupas, não pude deixar de observar primeiro como estava vestida. Coincidiu naquela tarde sairmos na mesma hora. Talvez nem passasse das quatro. Retribuí, tímido, o sorriso que ela propôs pra me cumprimentar. Sem que percebessem, olhei com mais atenção aquela mulher que se distanciava, como se eu procurasse confirmar nela alguma suspeita. Novamente pensei nas roupas, sobretudo porque não me pareceu terem sido escolhidas casualmente. Vi que revelavam um propósito, uma intenção que achei não estar de acordo com aquela hora do dia.
Também fez que crescesse minha desconfiança ter podido sentir de longe o perfume que ela usava. Poucas vezes me lembro de ter sentido um corpo tão perfumado. Tentei ainda imaginar o que poderia merecer e justificar tanto capricho.

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