domingo, novembro 30, 2008

Diabo: Precisamos conversar...
Deus: Não pode ser outro dia? Ando muito ocupado ultimamente...
Diabo: Prometo ser breve.
Deus: Promessa é coisa de humano - entre nós não há dívidas.
Diabo: Força do hábito...
Deus: O que é dessa vez?
Diabo: Justamente os humanos - facilitam demais meu trabalho; me sinto pouco importante.
Deus: Nada serve pra você? - vive reclamando...
Diabo: As coisas mudaram muito - o senhor tem visto... Em outros tempos minha presença impunha respeito; eu suava a camisa. Que saudade da Idade Média! Mas agora, salvas as exceções, ninguém luta mais contra o próprio fim. Preciso de mais poder - a rotina, o vício, a guerra não perturbam mais os homens.
Deus: Mais poder? Já te dei todo o mal que há na Terra e vem você me dizer que ainda não é o suficiente... Eu sei o que você quer! Você quer tomar o meu lugar!
Diabo: Jamais, senhor! Meu maior desejo é servir apenas a ti e à tua obra.
Deus: Seja objetivo...
Diabo: Eu quero a Morte, senhor.
Deus: Imaginei...
Diabo: Pois se até a morte é devida a ti que importância terei? Mas se me desses a Morte, os homens, que já temem minha fama, lutariam com todas as forças contra o fim, pois saberiam que lá fatalmente me encontrariam.
Deus: Tua fama, de fato, vai longe... Mas, afinal, quem seria o porta-voz da mudança?
Diabo: Ora, como quem? A Igreja!
Deus: Oh, a Igreja! Sempre me esqueço dela!
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