sábado, junho 27, 2009

Às vezes comparo minha vida àquele número circense em que um sujeito qualquer equilibra vários pratos que rodam sobre os espetos. Os pratos vão perdendo velocidade e para não se quebrarem no chão precisam que o infeliz aflito esteja sempre lhes dando impulso - mas há dez pratos para equilibrar, e enquanto ele sequer alcançou o décimo o primeiro já dá sinais de socorro. Assim é em mim e não creio que haja quem escape. Há em cada prato meu um pedaço de mim que é meu dever manter em equilíbrio.

domingo, junho 21, 2009

Sempre depois das três eu paro um pouco o serviço e tomo um café. Tem dias que vai frio mesmo - nossa garrafa térmica, de fabricação duvidosa, não sustenta quente o café por muito tempo; se fosse numa cafeteira automática, dessas de empresa grande, a dose nunca sairia fria. Mas trabalho agora numa repartição pública do município - e cafeteira automática por aqui é um luxo proibido, uma injúria em relação ao resto. Trabalhei em empresa grande, também. Aí quem ofende é a garrafa térmica - e como tudo naquele lugar tinha que parecer moderno, a cafeteira automática de certa forma é uma necessidade. O ruim era para as pessoas, que na maioria do tempo tinham também que parecer modernas, pelo menos por fora, e por isso se vestiam mais ou menos de forma igual, como se fossem modernas cafeteiras automáticas em vez de garrafas térmicas com café de ontem.

domingo, junho 14, 2009

Na medida do possível eu tento sempre ser o fruto das minhas mudanças. E acho que quando o questionamento definitivamente dá lugar ao conformismo, é que amadurecemos demais, e tudo que amadurece demais apodrece.