quinta-feira, janeiro 21, 2010

fugindo da chuva
fugindo do tédio
procurando abrigo
procurando remédio
Digo por experiência própria que certas coisas nesse mundo não têm conserto. Em casos assim, é mais digno destruí-las de vez e por algo novo no lugar. Temo, aliás, estar vivendo nesse instante num lugar que cedo ou tarde encontrará o mesmo final. Assisto, desconsolado, aos intermináveis engarrafamentos e a fúria das enchentes derrubando casas com a mesma crueldade de povos bárbaros. Abaixo ou acima da linha do Equador, toda metrópole se equilibra numa corda bamba. Qualquer tentativa de progresso, por mais humilde e frugal que seja, parece revoltar a natureza. As ondas do mar cobrem nossos castelos de areia. Ainda me pergunto se foi bom negócio ter saído das cavernas.

domingo, janeiro 03, 2010

Me acusem de tudo exceto de farsante. Aceitarei com resignação qualquer acusação a mim dirijida, contudo irei até última instância na minha defesa toda vez que me vir sentado na cadeira dos réus diante de algozes que me apontam como farsa. Insistem nisso simplesmente porque nego até onde posso ser parte da ordem que defendem. Mas de fora vejo no entanto que perco pouca coisa. Perco o que havia ganhado como escravo. Ganho o que havia perdido de liberdade. Ser livre desde então é meu fardo. Não posso me adaptar ao que desejo destruir.