terça-feira, abril 29, 2008
domingo, abril 27, 2008
terça-feira, abril 15, 2008
segunda-feira, abril 14, 2008
sábado, abril 12, 2008
Também fez que crescesse minha desconfiança ter podido sentir de longe o perfume que ela usava. Poucas vezes me lembro de ter sentido um corpo tão perfumado. Tentei ainda imaginar o que poderia merecer e justificar tanto capricho.
terça-feira, abril 08, 2008
domingo, abril 06, 2008
Entre
Não esperava ninguém quando ouvi baterem na porta. Antes ainda de ir ver quem me procurava, me perguntei se dias antes havia marcado esse encontro e me esquecera. Vi que não quando atendi. Eram eles novamente.
Lembro-me que no começo avisavam com antecedência quando viriam, e embora houvesse dias em que me encontrava indisposto, pelo menos estando ciente da visita eu teria tempo de me preparar. Agora, passados os anos, se sentem como se fossem de casa. São daqueles que chegam sem avisar e entram sem bater, ainda mais se sabem que pode ter alguém.
Confesso que durante um certo tempo me incomodou essa aproximação, essa presença íntima. Me sentia flagrado, invadido. Era ainda pior nos dias que se esqueciam da hora. Muitas vezes, já farto daquelas companhias, era obrigado a expulsá-los no meio da noite, o que entretanto nunca impediu que voltassem no dia seguinte. Falo dos meus fantasmas.
Pelo que pretendiam, me pareceu inadequado terem eles se apresentado pela primeira vez com tão desenvergonhada ironia. Imaginei que fosse piada. Ninguém espera receber visitas dos próprios fantasmas. Ninguém, por mais duro que seja, está preparado para os próprios fantasmas. Comigo não foi diferente. Neguei abrir. Nessa hora lembro ter sentido neles um certo prazer, que possivelmente já haviam previsto e imaginado, quando na minha reação ficara claro o meu constrangimento diante daquele episódio. Disse que se voltassem seria para perder tempo porque não me encontrariam. Responderam, antes de partir, que o tempo era o único e inevitável caminho para aquele encontro.