sábado, junho 21, 2008

Tenho pensado muito sobre o trânsito. Ano após ano as montadoras batem recorde. Financiamento de noventa meses! Até professor da rede pública tem carro zero... Não vai demorar muito para o trânsito virar promessa de campanha. O candidato que prometer a solução menos mentirosa, ganha. Olhador de carro vai ter sindicato e carteira assinada.
A única coisa que eu esperava não me ocorrer no trânsito era ser fechado por uma carroça. Não falo ironicamente, como o nosso ex-presidente Collor de Melo quando se referiu à precariedade da frota nacional. No meu caso, tratava-se de uma verdadeira carroça movida a cavalo. Passado o susto, porém, um reflexão se impôs. Houve ali um paradoxo, um anacronismo... Aquela carroça não pertence mais a este mundo. É um peixe fora d'água. Provavelmente o maior símbolo de um estágio evolutivo que acreditamos ter superado na urbanização. Nada mais anti-urbano do que um veículo movido a cavalo. Nada mais medieval do que a carroça.
Sobretudo nessas horas que eu penso no Brasil... Há milhões de brasileiros condenados a viver na Idade Média. Milhões de brasileiros que em carroças correm atrás do progresso.